Presidente da ABPA traça panorama da avicultura para a próxima década
Publicado em: 01 Nov 2024
Atualmente, a carne de frango brasileira é enviada para mais de 150 países, o que destaca a diversidade dos mercados atendidos e a importância estratégica do Brasil no fornecimento global do alimento.
O Brasil se consolidou como um gigante na avicultura mundial, ocupando o segundo lugar entre os maiores produtores de carne de frango do planeta, com uma produção de 14,8 milhões de toneladas em 2023. No cenário internacional, o país lidera as exportações, detendo um market share de 36,9% das vendas globais do produto, tendo exportado 5,1 milhões de toneladas no último ano, volume que gerou uma receita de US$ 9,7 bilhões.
Nos últimos 20 anos, a produção nacional de carne de frango totalizou 245 milhões de toneladas, deste total 73 milhões de toneladas foram para o mercado externo, resultando em uma receita superior a US$ 122 bilhões. Atualmente, a carne de frango brasileira é enviada para mais de 150 países, o que destaca a diversidade dos mercados atendidos e a importância estratégica do Brasil no fornecimento global do alimento.
Com 5,296 bilhões de cabeças abatidas em 2023, a indústria gera cerca de três milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil, movimentando um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 92 bilhões, representando 8% do Valor Bruto da Produção (VBP) do agronegócio nacional. “Esses números reafirmam a competência e a robustez da cadeia produtiva avícola no país”, ressaltou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, durante sua participação no 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado no dia 10 de setembro em Cascavel, Oeste do Paraná.
Santin apresentou uma visão abrangente sobre a avicultura brasileira, enaltecendo o crescimento sustentado do setor e a sua capacidade de adaptação frente aos desafios globais, como as mudanças climáticas e as pressões de sustentabilidade, bem como abordou o papel do Brasil na segurança alimentar mundial, reforçando a responsabilidade de manter a qualidade e a competitividade do produto brasileiro.
Líder nacional na produção e exportação de carne de frango no ano passado, o Paraná processou 2,090 bilhões de cabeças de frango, representando cerca de 39,47% do total produzido no país, conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Completam o ranking dos três principais estados produtores Santa Catarina, com 13,88% (735 milhões de cabeças), e o Rio Grande do Sul, com 11,40% (604 milhões). Goiás e São Paulo assumem as posições seguintes, com 9,10% (482 milhões) e 8,65% (458 milhões), respectivamente. Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pernambuco completam a lista dos maiores produtores, com os demais estados respondendo por 3,58% da produção. “Esses dados se referem aos frigoríficos que possuem SIF para abate das aves”, menciona Santin.
Mercado
Do total de carne de frango produzida no Brasil em 2023, 65,4% foi destinada ao mercado interno, enquanto 34,6% foi exportada, reafirmando a relevância do setor tanto para o abastecimento doméstico quanto para o comércio internacional. O desempenho nas exportações, contudo, sofreu uma leve retração no início de 2024. “Nos primeiros sete meses do ano, o Brasil exportou 3,052 milhões de toneladas de carne de frango, uma queda de 0,3% em comparação ao mesmo período de 2023, quando foram embarcadas 3,062 milhões de toneladas”, expôs Santin.
Em termos de receita, a redução foi mais significativa: os embarques geraram US$ 5,526 milhões, ante US$ 6,028 milhões no ano anterior, refletindo a oscilação dos preços no mercado global. “Esse cenário é reflexo do recente caso da Doença Newcastle no Rio Grande do Sul, estado que teve suas exportações barradas para vários países, mas que com a atuação rápida da defesa sanitária do país controlou o foco e restabeleceu as exportações, porém ainda algumas nações não retomaram as compras do estado e nem do país”, avisa Santin.
Principais destinos das exportações em 2024
Entre janeiro e julho de 2024, a China se manteve como o principal destino da carne de frango brasileira, com 160,261 mil toneladas importadas, seguida pelos Emirados Árabes Unidos (117,002 mil toneladas) e pela África do Sul (107,079 mil toneladas). Japão e Arábia Saudita completaram o top 5, com 84,012 mil e 60,540 mil toneladas, respectivamente. Filipinas, Iraque, União Europeia, México e Coreia do Sul também se destacaram como mercados relevantes para o produto brasileiro.
O Paraná se mantém como o maior estado exportador de carne de frango do país, com uma participação de 42% das exportações totais. Apenas entre janeiro e julho de 2024, o estado embarcou 1,3 milhão de toneladas.
Crescimento moderado na produção e exportações
O setor de carne de frango no Brasil segue em constante expansão, com projeções de crescimento moderado para os próximos anos. O país detém 14,6% do market share da produção global, sendo o segundo maior produtor de carne de frango no mundo. Os Estados Unidos lideram com 20,6% da produção, enquanto a China aparece em terceiro lugar com 14%. A União Europeia (UE) segue com 10,9%, e a Rússia completa o ranking dos principais produtores, com 4,8%.
De acordo com estimativas da ABPA, a produção brasileira de carne de frango deve atingir 15,1 milhões de toneladas em 2024, representando um aumento de 1,8% em relação ao volume produzido em 2023. Para 2025, a expectativa é que a produção continue a subir, alcançando 15,35 milhões de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 2,3%.
Quando se trata de exportações, o Brasil se destaca ainda mais, liderando o mercado mundial com 36,9% de participação. Esse desempenho coloca o país à frente dos Estados Unidos, que ocupam a segunda posição com 23,7% do share global, seguidos pela União Europeia com 12,3%, Tailândia com 7,9% e China com 3,69%. “Essa liderança reflete a eficiência do setor avícola brasileiro, que é amplamente reconhecido pela qualidade de seus produtos e sua capacidade de atender a mercados exigentes”, salienta Santin.
A ABPA projeta que o país exporte até 5,25 milhões de toneladas de carne de frango em 2024, uma alta de 2,2% em comparação com o ano anterior. No entanto, o ritmo de crescimento das exportações deve ser um pouco mais moderado em 2025, com uma projeção de 5,35 milhões de toneladas exportadas, um aumento de 1,9%.
Já em termos de disponibilidade interna, o mercado brasileiro também deve registrar crescimento. A estimativa para 2024 é de que 9,85 milhões de toneladas estejam disponíveis no mercado doméstico, um acréscimo de até 1,6%. Para o ano seguinte, a previsão é de um crescimento de 1,5%, o que resultaria em 10 milhões de toneladas disponíveis para o consumo no Brasil.
Quanto ao consumo per capita de carne de frango, a expectativa é de estabilidade. O consumo deve se manter em torno de 45 quilos por habitante em 2024, com estimativa de aumentar para 46 quilos per capita em 2025. Essa estabilidade reflete a forte presença da carne de frango na alimentação dos brasileiros, consolidando-a como uma das principais fontes de proteína animal no país.
Aumento dos custos de produção
Apesar do forte desempenho no mercado mundial, o setor de carne de frango no Brasil enfrenta desafios relacionados ao aumento dos custos de produção. Em 2018, o custo do quilo do frango vivo era de R$ 2,80, mas em 2024 esse valor subiu para R$ 4,42, refletindo o impacto de diversos fatores econômicos. No entanto, de 2023 até julho de 2024, houve uma redução de 5,4% nos custos de produção, um alívio para os produtores, embora o cenário ainda demande atenção.
Os principais insumos do setor, o milho e a soja, representam mais de 70% dos custos de produção, sendo fundamentais para a alimentação das aves. Em agosto de 2024, o preço da saca de 60 kg de milho chegou a R$ 59,60, enquanto a soja alcançou R$ 129,20 por saca, pressionando as margens de lucro dos produtores. “Essa volatilidade nos preços dos insumos é uma preocupação constante, especialmente em um contexto de demanda crescente por carne de frango tanto no mercado interno quanto externo”, menciona Santin, acrescentando: “O mercado avícola brasileiro, apesar dos desafios, continua a se destacar globalmente pela sua capacidade produtiva e pela liderança nas exportações, mas a gestão eficiente dos custos será crucial para manter a competitividade nos próximos anos”.
Desafios logísticos ameaçam competitividade
O agronegócio brasileiro, um dos setores mais robustos da economia, enfrenta grandes desafios logísticos que ameaçam sua competitividade no cenário global. Um dos principais problemas está relacionado à defasagem da infraestrutura portuária, com o Brasil operando 12 anos e quatro gerações de navios atrás das tecnologias de ponta disponíveis mundialmente. “Essa defasagem impacta diretamente a capacidade de escoamento da produção nacional, essencial para atender à demanda crescente por produtos agropecuários no exterior”, aponta Santin.
Em 2021, a situação atingiu um ponto crítico: a demanda por cargas nos portos brasileiros ultrapassou a capacidade operacional de todos os terminais. E as projeções, segundo Santin, indicam que a tendência é de agravamento nos próximos anos, à medida que a produção agrícola e pecuária continua a crescer. O gargalo logístico tem repercussões tanto para armadores quanto para embarcadores, criando um cenário de ineficiência e custos elevados.
Impactos para os armadores: filas e navios menores
Para os armadores, a falta de capacidade nos portos resulta em longas filas de navios aguardando atracação. A escassez de infraestrutura moderna força o uso de navios menores, que, além de menos eficientes, aumentam o tempo e os custos das operações. “Isso gera um acúmulo de embarcações paradas nos portos, elevando os gastos e prejudicando a fluidez das exportações”, ressalta.
Desafios para os embarcadores
Para os embarcadores, a logística ineficiente gera uma série de desafios adicionais. Entre os problemas mais significativos está a dificuldade de entregar as cargas a tempo nos portos, o que obriga as empresas a aumentar os estoques de produtos e, consequentemente, eleva os custos de armazenagem e transporte. “As despesas portuárias também sobem, pressionando as margens de lucro de produtores e exportadores”, salienta Santin.
Além disso, os atrasos na entrega das mercadorias aos clientes internacionais comprometem a reputação dos exportadores brasileiros e podem resultar na perda de contratos. “A incapacidade de escoar a produção de forma eficiente limita o volume de produção, já que os produtores se veem forçados a frear a produção para evitar acúmulos indesejados nos estoques”, comenta Santin.
O cenário logístico brasileiro exige atenção urgente, especialmente para manter a competitividade do agronegócio. “A modernização da infraestrutura portuária e o investimento em soluções logísticas mais eficientes são fundamentais para garantir que o setor continue a crescer para atender à crescente demanda global”, reforça o presidente da ABPA.
Compromisso com a sustentabilidade
A avicultura brasileira se destaca por seu compromisso com a sustentabilidade, o que tem fortalecido sua posição no mercado global. O setor adota práticas e tecnologias que, além de promover ganhos produtivos, também otimizam o uso de recursos naturais, contribuindo para a preservação ambiental e a redução da pegada de carbono.
Entre as principais iniciativas está o uso crescente de energia solar nas granjas, que tem ajudado a reduzir os custos com eletricidade e, ao mesmo tempo, diminuir o impacto ambiental. “Outro avanço importante é o uso de biodigestores, que transformam resíduos orgânicos gerados pela produção avícola em biogás, uma fonte de energia limpa e renovável, além de gerar biofertilizantes que podem ser reutilizados nas lavouras, fechando o ciclo de sustentabilidade”, sustenta Santin.
A atividade também é favorecida pelo uso de insumos produzidos localmente, como milho e soja, ingredientes fundamentais na alimentação das aves. Isso não só fortalece a economia interna, mas também reduz a dependência de importações e minimiza a pegada de carbono associada ao transporte de insumos.
Outro ponto de destaque é que a produção de carne de frango no Brasil ocorre majoritariamente fora do bioma amazônico, preservando uma das áreas mais sensíveis e biodiversas do mundo. “A escolha de áreas com condições climáticas favoráveis para a criação de aves contribui para a redução do uso de energia e insumos, já que essas regiões oferecem um ambiente natural adequado para a produção em larga escala”, menciona.
Além disso, a aplicação de tecnologias voltadas para o aumento da eficiência produtiva tem permitido ao setor otimizar o uso de água, grãos e energia. Sistemas de monitoramento avançado e automação em granjas garantem o controle rigoroso de cada etapa da produção, desde a alimentação das aves até o controle climático dos aviários, promovendo a sustentabilidade e o bem-estar animal.
Essas iniciativas refletem o compromisso da avicultura brasileira com a sustentabilidade, reforça Santin, um diferencial competitivo que vem ganhando relevância nos mercados internacionais, onde consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à origem e impacto ambiental dos produtos que consomem. “O setor avícola do Brasil demonstra que é possível crescer de forma responsável, contribuindo para a preservação do meio ambiente e garantindo a produção eficiente de alimentos de qualidade”, enaltece Santin.
Drivers de mudança mundial até 2030
Até 2030, três grandes drivers continuarão a moldar o cenário global: o crescimento populacional, o crescimento econômico e o aumento da renda per capita. “Esses fatores terão impacto profundo nas dinâmicas globais, exigindo adaptações tanto das economias quanto das sociedades para lidar com os desafios e aproveitar as oportunidades”, enfatizou Santin.
A Organização das Nações Unidas estima que a população global chegue 8,5 bilhões de pessoas até 2030. Esse aumento populacional pressiona ainda mais os recursos naturais e os sistemas urbanos, especialmente nas regiões com maior densidade demográfica, como o Sul da Ásia e partes da África Subsariana. As previsões econômicas indicam um crescimento global, mas com ritmos diferentes entre regiões. “As economias emergentes, como Índia, Indonésia e África, despontam como as grandes protagonistas, impulsionadas por investimentos em tecnologia, industrialização e educação. Ao mesmo tempo, desafios como as mudanças climáticas e as tensões geopolíticas poderão impactar negativamente o crescimento em algumas regiões. Países que conseguirem investir em energia renovável e inovação tecnológica estarão mais bem posicionados para enfrentar as incertezas”, aponta Santin.
O aumento da renda per capita em várias partes do mundo será um fator-chave para impulsionar o consumo e elevar a qualidade de vida de milhões de pessoas. No entanto, esse crescimento trará consigo desafios, como a necessidade de equidade econômica e social. “O poder de compra crescente de novas classes médias, principalmente na Ásia, impulsionará novos mercados, criando uma demanda cada vez maior por alimentos que primam pela qualidade e sustentabilidade, o que torna o Brasil ainda mais importante no cenário global”, avalia Santin.
Consumo global de proteína animal
O consumo global de proteína animal está projetado para crescer mais de 14% até 2033, impulsionado por fatores como o aumento populacional, a elevação da renda e mudanças nas preferências alimentares dos consumidores. De acordo com dados recentes da Rabobank, o crescimento varia entre diferentes tipos de proteína, com as aves liderando a expansão, registrando um aumento de mais de 22%, seguidas pelos ovos (mais de 21%) e os frutos do mar (mais de 12%). O consumo de carne bovina deve crescer mais de 9%, enquanto o de carne suína espera um aumento superior a 7%.
Os mercados emergentes serão os grandes responsáveis por esse crescimento, respondendo por 90% da expansão no consumo de proteínas até 2033. A Ásia, com estimativa de aumento de 55%, é a região mais promissora, seguida pela América Latina, com crescimento de 20%, e pela África, com 15%. Mercados desenvolvidos, por outro lado, devem contribuir com apenas 10% desse aumento, refletindo uma maturidade no consumo e uma mudança para hábitos mais sustentáveis.
Santin reforça que o avanço do consumo de proteína animal está diretamente relacionado ao crescimento populacional, que deve atingir 9,7 bilhões de pessoas até 2050, e ao aumento da renda, permitindo que mais pessoas em regiões emergentes tenham acesso a essas fontes alimentares. Além disso, a preferência dos consumidores por dietas ricas em proteínas segue se diversificando, com maior ênfase em proteínas mais saudáveis e sustentáveis.
Perspectiva geopolítica e impacto dos BRICS+
Do ponto de vista geopolítico, países do BRICS+ desempenharão um papel importante na expansão da demanda por proteínas. Juntos, os BRICS devem representar 45% desse crescimento, enquanto a expansão para BRICS+ (com a inclusão de novos países) pode alcançar 50%. “Se considerados os potenciais novos membros do BRICS+, essa participação pode chegar a 75%”, salienta Santin.
Em contraste, os países ocidentais são responsáveis por apenas 10% desse crescimento, revelando uma clara transferência da demanda para as economias emergentes.
Insegurança alimentar
Apesar das projeções de aumento no consumo de proteínas, o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo”, o Sofi, publicado em julho de 2024, revela um quadro alarmante. Em 2023, cerca de 733 milhões de pessoas, o equivalente a uma em cada 11 no mundo, passaram fome, com destaque para a África, onde uma em cada cinco pessoas sofre de insegurança alimentar. O relatório aponta que o mundo retrocedeu 15 anos, com níveis de desnutrição semelhantes aos de 2008/2009. “Caso as tendências atuais continuem, estima-se que 582 milhões de pessoas estarão cronicamente subnutridas em 2030”, alerta Santin.
Além disso, cerca de 2,33 bilhões de indivíduos enfrentaram insegurança alimentar moderada ou grave em 2023, destacando a necessidade urgente de soluções para equilibrar o aumento da demanda por alimentos com a realidade da fome global.
Desafios e oportunidades na produção de proteínas
A crescente demanda por proteínas vem acompanhada de desafios importantes. Segundo Santin, as emissões de gases de efeito estufa, o desmatamento e a perda de biodiversidade encabeçam a lista de questões a serem enfrentadas pela indústria. Outros desafios incluem o uso e a escassez de água, resíduos e contaminação hídrica, uso de antibióticos, condições de trabalho, bem-estar animal e segurança alimentar.
Por outro lado, o setor também encontra oportunidades, especialmente no desenvolvimento de proteínas sustentáveis e alternativas, que ganham força como uma solução para reduzir o impacto ambiental da produção de alimentos. “Governança eficiente e práticas mais responsáveis serão fundamentais para que a indústria de proteínas possa atender à crescente demanda global sem comprometer os recursos naturais e a saúde do planeta”, afirma Santin, enfatizando que a indústria de proteínas enfrenta uma década decisiva, onde os desafios ambientais, sociais e econômicos precisarão ser equilibrados com o crescimento da demanda, especialmente nos mercados emergentes, para garantir uma cadeia de produção sustentável e inclusiva.
Competitividade do setor
Como uma das mais robustas do mundo, a avicultura brasileira se destaca por pontos de excelência que garantem sua competitividade no cenário global. Entre os fatores que impulsionam o sucesso do setor, Santin menciona os recursos naturais abundantes, como a vasta disponibilidade de grãos para ração, e o uso avançado de tecnologia e conhecimento. “O Brasil investe de forma massiva em inovação, com melhorias em genética, nutrição e manejo, resultando em ganhos de eficiência produtiva”, destaca.
Outro ponto diferencial do setor é o empreendedorismo rural, com produtores comprometidos com as boas práticas e a modernização constante. “A coordenação das cadeias de valor também fortalece a posição da avicultura brasileira, assegurando que a produção, processamento e exportação estejam bem integrados, o que facilita a competitividade em mercados externos”, evidencia Santin.
Entraves da avicultura brasileira
Apesar dos fatores positivos, o setor enfrenta entraves que limitam seu potencial. Entre os quais, Santin cita a logística e a infraestrutura como os maiores desafios, especialmente em relação ao escoamento da produção para os portos de exportação. “A precariedade de estradas e a alta dependência do modal rodoviário elevam os custos e comprometem a competitividade no mercado internacional”, pontua.
Outro entrave está relacionado às tarifas de importação e à falta de acordos comerciais mais amplos, que restringem o acesso a mercados estratégicos e tornam as exportações “O sistema tributário complexo e a insegurança jurídica no Brasil também são obstáculos significativos, afetando a previsibilidade dos negócios e o ambiente de investimentos no setor”, afirma.
Principais pontos de atenção para 2024
O presidente da ABPA ressalta que 2024 traz uma série de fatores externos que devem ser monitorados pela avicultura brasileira. O conflito entre Rússia e Ucrânia continua a afetar o mercado de grãos, insumos essenciais para a produção de ração, pressionando os custos de produção. Além disso, as tensões no Oriente Médio e as eleições presidenciais nos Estados Unidos podem gerar instabilidades no comércio internacional e afetar os fluxos de exportação.
As enfermidades sanitárias como Influenza Aviária, Doença de Newcastle e Peste Suína Africana também exigem atenção redobrada, com a necessidade de reforçar medidas de biosseguridade para evitar impactos na produção e exportação.
Outro ponto crítico citado por Santin são os custos de produção, que continuam altos devido à volatilidade dos preços dos grãos, como milho e soja, principais componentes da ração animal. “A sustentabilidade e as mudanças climáticas também ganham cada vez mais relevância, com consumidores e mercados exigindo práticas mais sustentáveis ao longo de toda a cadeia produtiva”, reforça.
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